São Paulo - Cerca de 900 mil metalúrgicos conquistaram a redução da jornada de trabalho de 35 para 28 horas semanais e um aumento salarial de 4,3%. O acordo, com validade até 31 de março de 2020, foi fechado pelo Ig Metall, o maior sindicato metalúrgico da Alemanha que representa os trabalhadores das principais empresas da região de Baden-Wuerttemberg, sede de indústrias como a Daimler e Porsche.
Os metalúrgicos com pelo menos dois anos de trabalho na empresa poderão solicitar a redução da jornada semanal de trabalho sem redução de salário por um período que pode ir de seis até 24 meses. Passado esse tempo, o trabalhador terá a garantia de retornar ao seu posto em período integral.
Por outro lado, as empresas poderão contratar mais trabalhadores para uma jornada de 40 horas semanais em períodos de aumento de produção para atender ao crescimento da demanda. "Por muito tempo, a flexibilidade do tempo de trabalho tem sido um privilégio dos empregadores", disse o presidente do IG Metall, Joerg Hoffman, ressaltando a importância do acordo fechado.
O acordo garante também aos trabalhadores o pagamento único de 100 euros correspondente à recomposição salarial do primeiro trimestre de 2018, uma vez que o acordo fechado passa a valer somente a partir de abril. No ano que vem, esse pagamento se transformará em um depósito único de U$ 400, ao qual será acrescido ainda um segundo pagamento extra, correspondente a 27,5% do salário mensal de cada trabalhador - é uma espécie de PLR (Participação nos Lucros e Resultados). “Os trabalhadores vão ter mais dinheiro no bolso em termos reais, vão obter uma parte justa dos lucros das empresas e isso vai impulsionar o consumo”, afirmou à Reuters Roman Zitzelsberg, um dos representantes do IG Metall.
Os metalúrgicos que tiverem filhos pequenos, doença na família ou forem idosos poderão optar ainda por não receber esse montante anual e substituí-lo por uma jornada de trabalho ainda menor. Essa medida também será válida durante um período de dois anos.
Valter Sanches, secretário-geral da IndustriAll Global Union, explica que esse acordo, conquistado após cinco rodadas e uma série de greves, que paralisou gigantes como a Airbus, Daimler, BMW e Bosch, representa uma vitória para a categoria e pode servir para o fechamento do acordo nacional e para futuras negociações que incluam outros setores da economia do país. “Na Alemanha, é fechado primeiramente o acordo por região, que serve de base para o nacional. Esse importante acordo conquistado pelos metalúrgicos da região de Baden-Wuerttemberg possivelmente será mantido em âmbito nacional”, explica Sanches.